Descrição
A primeira infância é marcada por um período de formação de hábitos alimentares e de intenso crescimento e desenvolvimento. Nessa fase, o estado nutricional da criança resulta de uma combinação de fatores genéticos e ambientais, que refletem tanto nas condições de exposição do local onde ela está inserida quanto nas predisposições herdadas pelos pais. O objetivo deste estudo foi identificar a associação entre fatores determinantes relacionados ao domicílio, à mãe e à criança com o estado nutricional infantil nos primeiros anos de vida. Trata-se de um estudo transversal realizado com dados do projeto “Caderneta de Saúde da Criança: implicações sobre a Segurança Alimentar Nutricional na Primeira Infância”, com crianças menores de três anos acompanhadas pela Atenção Primária à Saúde do município de Lavras, Minas Gerais. A coleta de dados ocorreu em Unidades de Saúde e domicílios por meio de questionário semiestruturado com informações socioeconômicas, antropométricas e de consumo alimentar do binômio mãe-filho. O consumo alimentar foi avaliado pelos Marcadores de Consumo Alimentar do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. Os escores-Z de estatura/idade (E/I) e índice de massa corporal/idade (IMC/I) foram calculados pelo software WHO Anthro, considerando estatura inadequada quando escore-Z < -2 e excesso de peso quando escore-Z > +2. A análise univariada utilizou os testes qui-quadrado ou exato de Fisher, com estimativa do odds ratio e intervalo de confiança de 95%. Variáveis com p ≤ 0,20 foram incluídas em regressão logística binária multivariada, mantendo-se no modelo final as com p ≤ 0,05. Também foi utilizada a técnica de árvore de decisão para avaliação dos principais fatores associados. O nível de significância adotado foi p ≤ 0,05. Foram avaliados 287 pares mãe-filho, com crianças de 0 a 36 meses. A prevalência de estatura inadequada foi 8,4% e de excesso de peso 23%. Das crianças, 52% tinham menos de 1 ano e 52% eram meninas. Entre as mães, 54% apresentavam excesso de peso, 60% tinham menos de 30 anos, 42% se autodeclararam pardas e 79% tinham mais de 9 anos de escolaridade. Quanto à renda, 43% das famílias recebiam entre 1 e 2 salários mínimos, 66% não eram beneficiárias do Bolsa Família e 43% estavam em risco de insegurança alimentar. A maioria das crianças (69%) não frequentava creche e 85% realizavam consultas médicas pelo serviço público. Entre as mães, 10% relataram tabagismo, 30% consumo de álcool e 40% ingestão de ultraprocessados no dia anterior. Na análise univariada, a realização de consulta médica de rotina associou-se à estatura inadequada (p=0,02). Para excesso de peso, houve associação com idade da criança > 1 ano (p=0,001), mãe com mais de 30 anos (p=0,01), tabagismo materno (p=0,04), cor amarela (p=0,055) e frequência à creche (p=0,03). Conclusão: Fatores maternos e domiciliares mostraram-se associados ao estado nutricional infantil, reforçando a importância de intervenções precoces e integradas na primeira infância.
Palavras-chave: saúde da criança; avaliação nutricional; relações mãe-filho; nutrição infantil.
| Selecione a modalidade do seu trabalho | Resumo Expandido |
|---|