Descrição
A poluição por microplásticos é uma ameaça emergente aos ecossistemas aquáticos, mas sua interação com a ecologia trófica de decápodes de água doce permanece pouco compreendida. Este estudo investigou a dieta natural do camarão de água doce Macrobrachium amazonicum no reservatório do Funil (Minas Gerais, Brasil), com foco na relação entre a dieta e a ingestão de microplásticos. As coletas foram realizadas mensalmente entre abril de 2021 e março de 2022, e os indivíduos foram agrupados em classes demográficas (machos, fêmeas, fêmeas ovígeras e juvenis). O conteúdo estomacal foi analisado pelo método dos pontos, de acordo com a presença de itens alimentares classificados como: insetos, fragmentos vegetais, matéria orgânica digerida, algas, nematóides, microplásticos e outros. Os resultados revelaram diferenças sazonais e demográficas nos padrões alimentares, em que não houve variação significativa no consumo de matéria animal, enquanto a matéria vegetal foi mais consumida no outono e por fêmeas ovígeras. A matéria orgânica digerida foi o item mais frequente em todos os grupos, enquanto os juvenis apresentaram menor consumo de recursos vegetais. Os microplásticos foram detectados em todas as classes demográficas e em todas as estações e as análises estatísticas mostraram correlação positiva significativa entre a ingestão de microplásticos e o consumo de matéria animal e vegetal, sendo a associação mais forte com a matéria animal. Tais resultados indicam que a ecologia trófica de M. amazonicum é influenciada pela disponibilidade sazonal de recursos e por fatores demográficos, e que a ingestão de microplásticos está intimamente ligada aos padrões alimentares naturais. Assim, o estudo evidencia o papel dessa espécie como componente trófico-chave em redes alimentares de água doce e sua vulnerabilidade à contaminação por plásticos, oferecendo novos insights sobre as interações ecológicas entre dieta e poluição em reservatórios tropicais.
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