Descrição
A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa que se configura como um agravo persistente à saúde coletiva. No contexto brasileiro, os indicadores revelam disparidades significativas entre a população em geral e grupos em situação de vulnerabilidade. Dentre esses, destaca-se a população privada de liberdade, cuja taxa de incidência é substancialmente mais elevada. Essa condição está relacionada a fatores estruturais e contextuais, como precariedade das instalações, condições sanitárias inadequadas, superlotação, deficiência na ventilação dos ambientes e retardo no diagnóstico, os quais facilitam a disseminação, comprometem a eficácia das ações de controle e dificultam a interrupção da cadeia de transmissão. O presente estudo tem como objetivo analisar a evolução temporal dos casos de tuberculose registrados na população privada de liberdade no Brasil no período de 2014 a 2024, considerando a influência de fatores como a coinfecção por HIV, o tabagismo e a pandemia de COVID-19. Trata-se de um estudo de série temporal, utilizando banco de dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). A análise foi realizada por meio de modelos ARMAX, permitindo incorporar dependências temporal e variáveis externas. Identificou-se tendência de crescimento de 12,7 casos/mês ao longo do período. Em abril e maio de 2020, registrou-se uma queda expressiva de 1.609 casos, observando-se a presença de uma dependência de 3 meses, enquanto que em março de 2023, houve aumento de 1.252 casos. No modelo com variáveis externas, HIV e tabagismo apresentaram coeficientes positivos e estatisticamente significativos, indicando associação com o aumento de casos de TB. Os resultados evidenciam que a tuberculose no sistema prisional brasileiro apresenta padrão crescente na última década avaliada, com influência significativa de fatores epidemiológicos e comportamentais como o HIV e o tabagismo. Já a queda observada em 2020 e a retomada da ascensão em 2023, podem estar relacionadas à pandemia da COVID 19. Entende-se que intervenções específicas, vigilância contínua e políticas públicas integradas são essenciais para o enfrentamento da tuberculose, nesse contexto vulnerável, especialmente diante de cenários de emergência em saúde como o da pandemia de COVID-19.
Palavras-chave: Epidemiologia, doenças bacterianas, encarcerados, SINAN, ARMAX
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