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A ordem e a desordem: o conflito teológico-filosófico no diálogo Sobre a ordem de Agostinho de Hipona

12 de nov. de 2025 16:00
1h 30m
Centro de Eventos (UFLA)

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Avenida Norte - Lavrinhas, Lavras - MG, 37200-900
Resumo Simples Filosofia 3º Dia

Descrição

Esta comunicação tem como objetivo apresentar uma breve explanação da discussão filosófica presente no diálogo Sobre a ordem de Agostinho de Hipona, sobretudo, no que diz respeito ao livro I,6,15; I,6,16 e I,7,17. O problema filosófico ali estabelecido tem como fundamento teórico a aparente contradição que se estabelece da afirmação de Agostinho e de seus interlocutores Trigécio, Licêncio, Alípio e Mônica em afirmarem a existência de uma ordem reguladora para todos os eventos do cosmo em um mundo onde a desordem (mal) também se manifesta. Segundo a definição de ordem estabelecida por Licêncio, pode-se compreender a ordem como sendo o modo pelo qual todas as coisas foram criadas por Deus sendo que não há nada que não tenha sido criado por Ele. No entanto, tudo que acontece nesse mundo deve ou deveria ser necessariamente bom. Diante disso, os interlocutores têm a necessidade de refletir se não há nada que seja contrário à ordem, pois, caso haja, a definição posta por Licêncio de que todas as coisas estariam ordenadas seria problemática e consequentemente refutada.
É nesse cenário que o problema do mal será colocado em discussão, pois, uma vez que o mal se encontra presente no mundo, cabe saber se ele está ou não incluído na ordem. Ora, a ordem sendo um bem por ter sido criada por Deus não poderia, ao que parece, incluir os males. Por detrás deste problema supostamente simples, esconde-se um debate que pode ser reformulado seguindo dois pressupostos paradoxais: 1) Caso assumam a ideia de que os males estão contidos na ordem, consequentemente, ela (ordem) não poderá ser considerada um bem; o que refutaria a ideia de que tudo que Deus cria é bom. Além do mais, tal pressuposto tomaria Deus com a causa não só dos bens, mas também dos males. 2) Em contrapartida, se aceitarem o pressuposto de que os males não estão contidos na ordem, logo, a definição posta por Licêncio seria problemática, pois nem todas as coisas estariam contidas na ordem como havia afirmado.
Não obstante, Agostinho e seus interlocutores se dedicam a examinar em que medida seria possível correlacionar o argumento da ordem e do mal sem incorrer em contradições, pois o processo de inteligibilidade sobre a noção de ordem coloca em questão a existência dos males. Ora, assim como é da ordem que os males não estejam contidos nela por ser um bem, é próprio dos males não estarem contidos na ordem. Ou seja, há uma ordem que trata de regular tanto aquilo que diz respeito à ordem quanto ao que diz respeito aos males. Se assim for, percebe-se que tanto a ordem quanto os males estão contidos em ordem reguladora, o que faz com que a discussão retome o problema filosófico inicial: Os males estão ou não contidos na ordem?

Palavras-chave: Ordem, mal, Agostinho de Hipona.

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Autor

André Salatiel dos Santos (Universidade Federal de Lavras)

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