Descrição
As queimadas florestais representam uma das principais ameaças aos biomas brasileiros, especialmente dentro das Unidades de Conservação (UCs). A Mata Atlântica, um dos biomas mais fragmentados do país em razão das intensas pressões antrópicas, mostra-se vulnerável a esse tipo de ocorrência, principalmente devido à expansão urbana, industrial e agropecuária. Como consequência disso, observa-se a perda de cobertura vegetal, o comprometimento da regeneração natural, a afetação da fauna, o aumento do risco de degradação do solo e a redução dos serviços ecossistêmicos. Diante disso, esta pesquisa tem como objetivo avaliar o percentual de queimadas em Unidades de Conservação federais do bioma Mata Atlântica, em uma escala temporal de nove anos (2012 a 2021), a fim de verificar se a proteção conferida a essas áreas está sendo efetiva. Foram utilizados dados abertos referentes às queimadas registradas em 74 UCs, disponibilizados pelo ICMBio (2024). O banco de dados resulta de mapeamento por sensoriamento remoto, que identifica cicatrizes de queimadas a partir de imagens dos satélites MODIS Rapid Response, Landsat 8, Sentinel-2 e CBERS-4, por meio de interpretação visual. As informações sobre as áreas florestais do bioma foram obtidas do MapBiomas (2024). A série histórica (2012–2021) evidencia variações expressivas na área total queimada dentro das UCs federais da Mata Atlântica. O ano de 2012 apresentou um pico de 17.689,68 hectares (0,016% da área total do bioma), seguido por forte redução em 2013 (707,53 ha; 0,0006%). Em 2014 e 2015, observou-se nova elevação, com valores próximos de 0,012% da área afetada em ambos os anos. Em 2016, houve nova queda (8.734,91 ha; 0,0079%), seguida por um expressivo aumento em 2017, que apresentou 48.445,03 hectares queimados, o maior valor até então, equivalente a 0,0438% da área total do bioma. Em 2018, as queimadas voltaram a diminuir para 1.036,03 hectares (0,0009%), mas o cenário voltou a se intensificar em 2019, com 14.275,51 hectares (0,0129%). Por fim, os anos de 2020 e 2021 destacaram-se como os mais críticos de toda a série, registrando 46.186,48 hectares (0,0418%) e 54.253,61 hectares (0,0490%), respectivamente. Dessa forma, mesmo nos anos de maior incidência, as áreas afetadas corresponderam a uma fração reduzida da extensão total do bioma, sugerindo que as Unidades de Conservação federais desempenham papel relevante na limitação da propagação do fogo e na manutenção da integridade ecológica desses territórios.
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