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Análise do poema “Do Rio que tudo arrasta” de Bertolt Brecht Estudo e desenvolvimento de Propostas de ensino interdisciplinares em Ciências.

11 de nov. de 2025 13:30
1h 30m
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Resumo Expandido Educação Científica e Ambiental 2º Dia

Descrição

Análise do poema “Do Rio que tudo arrasta” de Bertolt Brecht Estudo e desenvolvimento de Propostas de ensino interdisciplinares na formação de Professores.

João Carlos Grego Junior ¹, Thayna Eterno candido ¹, Laise Vieira Gonçalves ², Antonio Fernandes Nascimento Junior ²
¹ Pós-graduandos do Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Ambiental - Instituto de Ciências Naturais (ICN) – Universidade Federal de Lavras (UFLA) Caixa Postal 3037 – 37200-000 – Lavras, MG – Brasil
² Departamento de Biologia/ICN – Universidade Federal de Lavras (UFLA) Caixa Postal 3037 – 37200-000 – Lavras, MG – Brasil
joao.junior20@estudante.ufla.br,thayna.candido1@estudante.ufla.br, laiseribeiro@ufla.br, antoniojunior@ufla.br

Abstract. This paper analyzes Bertolt Brecht's poem "Of the River That Drags Everything Away," seeking to understand the author's overall meaning and consider the potentialities present in the construction of knowledge. Art and Science in Science Education become humanizing as students come into contact with scientific knowledge in different areas (Rosa, Gomes, & Júnior, 2021). This reinforces the importance of fostering cultural engagement through diverse means, enabling the expansion of students' theoretical frameworks. This is especially true through poems, which foster enchantment and enable conversations with areas of science without instrumentalization.

Keywords: Enchantment.

Resumo. O presente trabalho analisou o poema “Do rio que tudo arrasta” de Bertolt Brecht, buscando entender o que o autor representou em sua totalidade, bem como, buscou reconhecer as potencialidades presentes na construção do conhecimento.A Arte e a Ciência na Educação Científica tornam-se humanizadoras, à medida que os estudantes entrem em contato com o conhecimento científico em diferentes âmbitos (Rosa, Gomes, & Júnior, 2021). Dito isso, este reforça a importância de promover uma aproximação cultural através de meios diversos possibilitando a expansão do arcabouço teórico dos alunos, em especial os poemas, que promovem o encantamento e possibilita conversar com áreas da ciência, sem que haja uma instrumentalização.
Palavras Chave: Encantamento.

  1. Introdução
    A educação é inerente à formação do ser humano, por meio dela o indivíduo se socializa, cria relações e dá um significado às coisas em sua volta, seja na codificação das informações de fala ou nos objetos, na construção do diálogo com outros interlocutores e no espaço onde vive. Embora essa formação possa passar despercebido por muitos, não deixa de ser uma das principais formas de humanização do indivíduo. Segundo Leontiev (2025), a atividade do sujeito sendo ela externa ou interna é mediada e regulada pelo reflexo psíquico da realidade, uma vez que os motivos, objetivos e condições de sua ação são percebidos, compreendidos e retidos na memória, abrangendo também os próprios processos e características do sujeito.
    Ao refletir sobre esta condição na formação de uma consciência, o sujeito ativo nesta condição geralmente está englobado em um contexto que lhe condiciona a uma única forma unilateral de enxergar seus processos de desenvolvimento. Este método que despeja de maneira unilateral as informações que irão ser impostas no indivíduo em formação, é chamada de educação bancária que de acordo com Freire (1994), é caracterizada pela transmissão e depósito de conhecimentos, reflete a lógica da sociedade opressora e reforça a “cultura do silêncio”, impedindo a superação das contradições presentes no processo educativo.

A construção da consciência influencia diretamente a forma como o indivíduo se relaciona com o mundo, moldando suas experiências, sua participação social e sua mediação nas relações coletivas. Nesse sentido, a educação em arte favorece o desenvolvimento do pensamento artístico e da percepção estética, possibilitando que o aluno amplie sua sensibilidade, imaginação e capacidade de atribuir significado às experiências humanas, tanto na criação quanto na apreciação de produções artísticas (Brasil, 1997). Neste sentido, o trabalho aborda aspectos de análise de conteúdo e práticas didáticas como o encantamento promovendo análise do poema escolhido através da interdisciplinaridade para estudo de ciências.

  1. Metodologia
    O presente trabalho originou-se através da proposta de conclusão da disciplina Estudo e Desenvolvimento de Propostas de Ensino Interdisciplinar em Ciência, do PPGECA. Embora já mencionado na introdução, foi desenvolvido uma análise do poema “Do rio que tudo arrasta” de Bertolt Brecht, através da identificação dos eixos que permitem a realização de análises interdisciplinares.
    Optou-se por esta abordagem metodológica, uma vez que, conforme destaca Minayo (2014), esse tipo de análise permite a organização dos dados em eixos de significação, correspondentes a categorias temáticas que orientam a interpretação dos sentidos e significados expressos nas falas ou nos textos. Reconhecendo o potencial do poema para contribuir na formação de conhecimentos, compreende-se, conforme Freire (1994), que a autossuficiência se opõe ao diálogo, pois aquele que não se percebe como igual aos outros ainda precisa avançar em sua caminhada rumo ao verdadeiro encontro humano um espaço em que não existem ignorantes ou sábios absolutos, mas pessoas que, em comunhão, buscam aprender e construir saberes conjuntamente.
  2. Resultados e discussão

“Do rio que tudo arrasta se diz que é violento.
Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem.”
- Bertolt Brecht –

A poesia é uma forma de arte que contribui para a ludicidade do processo de ensino-aprendizagem, compreendendo como lúdico algo que vai além de brincadeiras e divertimento, remetendo a reflexões existenciais, sociológicas, psicológicas, filosóficas e ambientais. Estas reflexões contribuem para que o sujeito seja inserido na sociedade na condição de cidadão, ou seja, olhando para o mundo em suas relações, evitando a fragmentação e podendo tomar decisões conscientes acerca da própria vida (Rosa, Gomes, & Júnior, 2021).
Ao mencionar “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento”, percebemos um olhar unilateral do observador, que se mostra distante do contexto de realidade daquele rio, que em nossa análise pode ser representado por um determinado grupo social. Em muitas vezes ao se expressarem por meio de suas artes, cultura ou até mesmo por suas manifestações sejam elas, pacíficas ou enérgicas, como meio de chamar a atenção por suas demandas. Não é raro ouvir avaliações, pré-julgamentos de que são baderneiros ou adjetivos tentando invalidar suas lutas.
O poema de Brecht, mesmo sendo escrito em apenas duas linhas, ao realizamos o exercício de reflexão, percebemos em sua primeira frase que o autor nos convida a embarcar em um entendimento sobre um rio que contém suas águas turbulentas ao qual tudo que ele toca, acaba sendo levado pela influência dessa sua força, força essa que faz violenta suas águas aos olhos daqueles que o observam, aqui é possível entender que há um diálogo de um observador e sua perspectiva distende, que apenas observa o fato que está acontecendo, desta análise que o observador faz, notasse que ele evidencia a consequência resultante do impacto que traz a força da água de um movimento de arrasto implacável.

3.1 Das lutas de Classes
Um marco temporal na história da humanidade, sem dúvidas foi a revolução industrial, que no século XVIII proporcionou uma grande mudança nas relações de trabalho entre burgueses e pessoas trabalhadores comuns. Neste período ocorre um aumento nas cadeias de produção favorecidos por máquinas aumentando a produção a passo que os trabalhos manuais começam perder espaço para os detentores destes meios de produção. Com efeito a esta mudança, começa a surgir tensões entres os burgueses e seus trabalhadores, tendo em mente que além do aumento da produção, houve abusos na classe empregadora. Carga horária exaustiva, falta de segurança nos pisos de produções, salários que não garantem uma justa remuneração a sua produção. Privados de meios de produção para ganhar por conta própria os seus meios de subsistência, os operários são obrigados a se assalariar, a vender a sua força de trabalho como mercadoria aos donos dos meios de produção, os capitalistas. (Siqueira & Pereira, 2014).

No desenvolvimento dessa revolução, o poder começa a ser concentrado em poucas mãos, precisamente nas mãos dos Burgueses, que, por serem os detentores dos meios de produção, começam acumular para si os lucros obtidos através das forças de trabalho dos empregados que eram explorados. Karl Marx em suas obras teceu críticas capaz de mostrar como a origem do valor estava num processo nefasto de acumulação de capital, em que a socialização da sua produção e a apropriação privada ocultavam a exploração da força de trabalho,geradora de mais valor, tal teoria se apresentava como uma crítica frontal à classe burguesa e sua recém gestada “ciência econômica” (Novaes, Macedo, & Castro, 2019).
No Brasil o movimento sindical teve destaque em âmbito nacional, com a greve dos metalúrgicos do ABC. Essa greve foi um marco, e figuras importantes para a história posterior do brasil participaram deste movimento, na falta de palanque e sistema de som, o presidente do sindicato, Luiz Inácio da Silva, hoje atual presidente da república Lula, falou de cima de uma mesa de escritório usando um megafone. Suas palavras eram repetidas em coro pelos trabalhadores mais próximos e repassadas pelos que estavam atrás(Memorial da Democracia, 2025).
É de conhecimento que por meio da greve a classe operária manifesta sua indignação e da publicidade em seus requerimentos, a exemplo podemos demonstrar a greve dos correios de 2011. Que a empresa usou da mídia para contradizer as reivindicações dos empregados focando a atenção para os transtornos que o movimento traria para a normalidade de suas atividades.
Nesse movimento, merece destaque o intenso uso da comunicação pela empregadora com a finalidade de convencer o público em geral dos transtornos da greve, com a finalidade de colocar em contraposição trabalhadores e sociedade. A grande mídia, à época, difundiu a greve dos correios como a causadora dos prejuízos, deixando a população contra a greve.(Porto & Moura, 2019).
Ainda segundo Porto (2012), para alguns a greve comunica, de forma contundente, reivindicações por melhores condições de trabalho que não são atendidas, para outros ela é expressão de radicalismo dos trabalhadores e, para outros, ainda, sinônimo de transtornos e prejuízos para os consumidores de serviços. Como mencionado, essa prática de olhar a situação por um único lado, faz com que algumas ações tendem a parecer violentas e prejudiciais, aos olhos do que apenas observam, mas não se dão a aprofundar no sentido para que o movimento leva.
Na segunda parte do poema, o poeta nos expande e convida-nos a aprofundarmos a análise sobre uma perspectiva diferente da primeira. Enquanto na anterior o olhar está somente na violência do rio, aqui nos é dado amplitude de circunstâncias que possivelmente explica no todo ou em parte o movimento destacado. Dito isso é possível propor um diálogo entre o poema e algumas questões sociais, afinal muitas ações sociais que para a classe dominante se torna fora do normal ou não aceitável, sendo rotuladas como ações violentas, agressivas e incabíveis, são reações que esses movimentos encontram de exporem os descasos sofridos e pressões sociais da classe dominante que na maior parte das vezes tentam moldar comportamentos e ditam como deve ser o padrão ideal.

  1. Considerações finais
    Este trabalho permite concluirmos que optar por trabalhar com poemas na formação do conhecimento e como na formação docente, a arte e a ciência podem dialogar em busca de uma transformação não só na maneira como professores em formação olham para o mundo e para a sociedade, mas como essas atividades poéticas pode ser um meio de transformar práticas pedagógicas e oferecer um novo caminho para uma educação emancipada.
    Quando Brecht faz essa relação da violência com a compressão do rio, entendesse que sua intenção é despertar nosso entendimento para uma análise aprofundada da visão de mundo nas relações que se estabelecem, entre patrão empregado, entre uma classe que oprime e a oprimida, pois quando mais é exercida essa pressão, mais violenta se torna os meios de libertar-se dela. Como uma unidade, o pensamento coletivo, afastando e lutando contra o individualismo que justifica atrocidades fortalece essa desigualdade que discutimos neste trabalho.

Apoio: Fapemig, Capes, CNPq.

Referências

Rosa, M. M., Gomes, T. T., & Júnior, A. F. (19 a 23 de Abril de 2021). UMA ANÁLISE DO POEMA “O NOVO HOMEM” DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE: CONTRIBUIÇÕES PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS. VI Encontro Nacional de Jogos e Atividades Ludicas no Ensino de QUimca, Fisica e Biologia.
Leontiev, A. N. (03 de 07 de 2025). Portal dominio público. Fonte: Portal dominio público: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=2309.
Minayo, M. C. (2014). O Desafio do Conhecimento Pesquisa Qualitativa em Saúde. São Paulo: Hucitec. Fonte: https://pt.scribd.com/document/584246427/Livro-O-DESAFIO-DO-CONHECIMENTO-ATUALIZADO-Minayo-2014#page=5.
Freire, P. (1994). Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro, RJ: EDITORA PAZ E TERRA S/A.
BRASIL. (1997). Portal MEC. Acesso em 05 de Julho de 2025, disponível em Portal Mec: https://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf
Macedo, F. B. (20 de Fevereiro de 2011). A Greve de 1980: redes sociais e espaço urbano na mobilização coletiva. Revista Mundos do Trabalho, vol. 3, n. 5, p. 136 a 164.
Novaes, H. T., Macedo, R. F., & Castro, F. (2019). Introdução à Crítica da Economia Política. Marília: Editora Lutas anticapital.
Memorial da Democracia. (09 de Julho de 2025). Fonte: Memorial da Democracia : https://memorialdademocracia.com.br/card/a-grande-greve-dos-trabalhadores-do-abc.
Porto, D. N., & Moura, B. d. (19 de Dezembro de 2019). A GREVE COMO DIREITO: AS (RE)SIGNIFICAÇÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. De politicas Públicas e Desenvolvimento Social, p. 108 a 123. Fonte: https://periodicos.processus.com.br/index.php/ppds/article/view/177/177.
Porto, N. A. (06, 07, 08 de Junho de 2012). XXI Encontro nacional CONPEDI. Sistema Juridico e Direitos Fundamentais Individuais e Coletivos, p. 14115 a 14145. Fonte: http://www.publicadireito.com.br/publicacao/?evento=37

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Autores

João Carlos Grego Júnior (UFLA) Thayna Eterno Cândido (UFLA)

Co-autores

Antonio Fernandes Nascimento Junior (UFLA) Laise Vieira Gonçalves Ribeiro (UFLA)

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