Descrição
A colheita, seja manual ou mecanizada, impacta diretamente a estrutura da copa do cafeeiro, afetando a capacidade de recuperação da planta e a produção futura; quantificar essa alteração é essencial para avaliar a eficiência da colheita, estimar o estresse da planta e orientar a poda pós-colheita. Este estudo teve por objetivo caracterizar e mapear mudanças estruturais do dossel em um talhão de 3 ha com 10 linhas de cultivo, comparando cenários pré e pós-colheita a partir de nuvens feitas por Escaneamento a Laser Aerotransportado (ALS). A aquisição LiDAR foi realizada em 19/05/2023 por dois voos (pré e pós) separados por ~5 h, com RPA DJI Matrice 300 RTK e sensor Zenmuse L1 (160 kHz, FOV 70,4°×4,5°, até três retornos), a 75 m de altura e velocidade de 8,3 m/s. O processamento dos dados ocorreu no software R 4.5.1 utilizando-se a biblioteca (lidR), realizando as seguintes atividades: recorte do polígono de estudo, filtragem de ruído e classificação do terreno utilizando o Filtro de Simulação de Pano (CSF) (resolução 0,5 m, 500 iterações, limiar 0,3 m) e normalização das alturas de planta. A comparação entre diferentes épocas foi realizada no CloudCompare, utilizando os plugins M3C2 (Multiscale Model to Model Cloud Comparison) e C2C (Cloud-to-Cloud Distance), que permitem comparar nuvens de pontos 3D, detectando variações e mudanças nas superfícies antes e depois da colheita. Os resultados evidenciaram um padrão espacial de mudança concentrado nas linhas de cultivo, com mapas C2C/M3C2 mostrando áreas de perda, com maior intensidade nas bordas das linhas e nas extremidades do talhão, onde é comum ocorrer maior exposição ao vento, sobreposição de passadas e manobras de colheita. Os mapas C2C/M3C2 sugerem um mosaico de manchas descontínuas de retração do dossel intercaladas com pequenos núcleos de aparente ganho (provável reocupação/oclusão em estratos baixos) padrão coerente com os perfis verticais, que indicam a redistribuição de retornos por faixa de altura. Conclui-se que o fluxo lidR mais CloudCompare permite detectar e comunicar, mudanças estruturais significativas pós-colheita, oferecendo indicadores operacionais (padrões espaciais, estratos afetados e perda volumétrica relativa) úteis ao manejo e ao planejamento da safra subsequente.
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