Descrição
A região do Serro se destaca pela produção do Queijo Minas Artesanal (QMA), reconhecido como patrimônio cultural de Minas Gerais. A qualidade desse queijo está diretamente associada à qualidade do leite utilizado em sua fabricação. Diante da relevância de saúde pública, econômica, cultural do QMA, foi desenvolvida, nos anos de 2024 e 2025, uma ação extensionista em parceria entre a Universidade Federal de Lavras (UFLA), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (EMATER-MG). O trabalho teve como objetivo analisar a qualidade físico-química e higiênico-sanitários dos parâmetros microbiológicos do leite cru destinado à produção do QMA e, posteriormente, a partir dos resultados, elaborar planos estratégicos voltados à capacitação dos colaboradores das fazendas, com foco em boas práticas de ordenha, saúde animal e manejo sanitário. Foram coletadas 44 amostras em 2024 e 51 amostras de produtores em 2025. As análises de composição do leite e dos parâmetros higiênico-sanitários foram realizadas no Laboratório de Análise de Qualidade do Leite da UFMG (LabUFMG), avaliando os teores de sólidos totais, contagem de células somáticas (CCS) e a contagem padrão em placa (CPP). Já as análises microbiológicas, foram conduzidas no Laboratório Integrado de Saúde Animal e Saúde Coletiva da UFLA (LISASC/UFLA), investigando a presença de Escherichia coli, S. aureus e Listeria spp. As análises físico-químicas (ISO 21187:2021; ISO 13366-2:2006; ISO 9622:2013) e microbiológicas (APHA, 2015; ISO 7251:2005;) foram realizadas seguindo metodologias padronizadas e reconhecidas internacionalmente. Os resultados de 2024 indicaram teores de sólidos totais abaixo do padrão em 11,4%, CCS elevada em 59,1% das amostras, CPP acima do limite legal em 9,1%. Quanto à microbiologia, 38,6% das amostras estavam fora dos padrões, com presença de S. aureus em 34,1% e E. coli em 4,5%, sem registro de Listeria spp. Em 2025, 65,5% das amostras apresentaram CCS acima do limite e 12,7% tiveram CPP superior ao permitido. Novamente não houve detecção de Listeria spp., porém S. aureus foi identificado em 40,0% das amostras e coliformes em 32,7%. Com base nos resultados, verificou-se que o principal ponto de melhoria está relacionado à elevada CCS, indicativa de mastite, e à contaminação de origem higiênico-sanitária. Esses fatores comprometem a qualidade e a durabilidade do queijo, além de representarem risco à saúde do consumidor. A experiência comprovou que a atuação conjunta entre universidades, assistência técnica e produtores possibilita identificar pontos críticos, implementar melhorias e fortalecer a cadeia produtiva do Serro, garantindo avanços na qualidade do leite, na segurança do alimento e na valorização do Queijo Minas Artesanal.
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