Descrição
Animais silvestres como os répteis tem ganhado espaço como animais de companhia. Os quelônios, por exemplo tem se destacado por ser um animal considerado rústico e de fácil manejo. Nesse sentido há a necessidade de ferramentas diagnósticas para auxiliar médicos veterinários no atendimento desses animais. Dentre as alterações mias frequentes nesses animais, estão os distúrbios nutricionais e reprodutivos, sendo a estase folicular a afecção mais comum em fêmeas de répteis. A condição se caracteriza pela retenção de folículos ovarianos não ovulados. Sua identificação clínica é desafiadora, sendo na maioria dos casos necessário o auxílio da ultrassonografia para se ter uma avaliação detalhada dos órgãos reprodutivos de forma não invasiva. Este trabalho descreve um caso de estase folicular em uma fêmea jovem de tigre-d’água (Trachemys dorbigni), pesando 1,365 kg. O animal apresentava sinais clínicos inespecíficos como apatia, anorexia, letargia e retração no casco. Como exame complementar foi realizado o exame ultrassonográfico, utilizando probe microconvexa na frequência de 3Mhz a 13 Mhz, com acesso na fossa inferior, entre os membros pélvicos. Foram identificados ovários aumentados, e estruturas de diferentes tamanhos e níveis de ecogenicidade de forma oval, compatíveis com folículos em diferentes estágios de desenvolvimento. Entre os folículos dois deles apresentavam início de mineralização periférica, enquanto outros mantinham conteúdo anecogênico homogêneo. Não havia evidência de líquido livre em cavidade celomática. Esses achados foram compatíveis com quadro de estase folicular incipiente. A ausência de mineralização e de líquido livre diferenciou a condição de um quadro de distocia. Em relação as possíveis condutas terapêuticas, é recomendado intervenções farmacológicas para auxílio nutricional, fluidoterapia, e o uso de análogos de prostaglandina e oxitocina, além de correção de fatores ambientais, como temperatura e substrato inadequados. O procedimento cirúrgico por ovariectomia ou salpingo-ovariectomia pode ser instituído caso o animal esteja não responsivo ao tratamento, visando prevenir complicações sistêmicas e reprodutivas. Conclui-se que o exame ultrassonográfico foi determinante para o diagnóstico, demonstrando sua relevância na avaliação reprodutiva de quelônios e na detecção precoce de alterações ovarianas.
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