Descrição
O linfoma é uma das neoplasias hematopoiéticas mais comuns em cães e a principal em gatos, apresentando etiologia multifatorial. Foi realizado um estudo retrospectivo dos casos de linfomas diagnosticados no Setor de Patologia Veterinária do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Lavras (SPV-UFLA) de 2014 a 2024, com foco na caracterização epidemiológica e anatômica. Foram analisados laudos de necropsia, coletando-se informações sobre raça, sexo, status reprodutivo, idade e resultados de FeLV (gatos) e leishmaniose (cães), quando disponíveis. Os casos foram classificados em cinco categorias anatômicas: mediastinal, abdominal (subcategorias: alimentar, renal, outros e combinação), nodal, atípico e misto. Identificaram-se 148 casos de linfoma, correspondendo a 11,6% (73/631) dos diagnósticos em gatos e 2,5% (75/2978) em cães. A maioria dos gatos era sem raça definida (SRD) (95,9%; 70/73) e machos (58,9%; 43/73), sem diferença significativa quanto ao status reprodutivo. Entre os cães, predominou SRD (49,3%; 37/75), seguida por Labrador Retriever (10,7%; 8/75), com predomínio de fêmeas (57,3%; 43/75), das quais 69,8% (30/43) eram não castradas. A idade média foi de 9 anos para cães e 5 anos para gatos. Em ambas as espécies, a forma anatômica predominante foi a mista (gatos: 71,2%; 52/73; cães: 70,7%; 53/75), seguida pela abdominal (gatos: 16,4%; 12/73; cães: 14,7%; 11/75). Nesta última, destacou-se a subcategoria combinação (83,3%; 10/12) nos gatos e a subcategoria outros (54,5%; 6/11) nos cães. FeLV foi positivo em 86,5% (32/37) dos gatos testados e leishmaniose em 14,7% (11/75) dos cães. Portanto, o linfoma apresentou maior frequência relativa em gatos adultos jovens, machos e SRD, com forte associação ao FeLV. Nos cães, ocorreu com menor frequência, afetando principalmente fêmeas adultas maduras, não castradas e SRD, com destaque para a raça Labrador Retriever, sem associação expressiva com leishmaniose. Em ambas as espécies, a classificação mista foi predominante, caracterizando padrão multissistêmico de disseminação. Os resultados obtidos ampliam o conhecimento epidemiológico-patológico do linfoma na região, fornecendo subsídios para diagnóstico e vigilância.
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