Descrição
O estudo analisa a contribuição das Instituições de Ensino Superior (IES) para o desenvolvimento local dos estados brasileiros, com foco nos efeitos econômicos. Parte-se da compreensão de desenvolvimento local como um processo multidimensional, territorializado e centrado nas capacidades humanas, onde os recursos endógenos, a área geográfica e o protagonismo dos indivíduos articulam-se no curso do desenvolvimento focado na realidade de cada território (Boudeville, 1961; Sen, 2000; Boisier, 2005). Nesse contexto, o modelo da tríplice hélice de Etzkowitz e Leydesdorff (2000), reforça o papel das universidades como protagonistas da inovação, em colaboração com indústria e governo para impulsionar o desenvolvimento regional por meio da ciência, pesquisa e integração às demandas locais. A partir dessa perspectiva teórica, aplicou-se um modelo para dados em painel dinâmico com recorte temporal entre 2010 e 2015, pelo método Generalized Method of Moments (GMM) de Arellano e Bond (1991), a fim de correlacionar a presença e atuação das IES ao Produto Interno Bruto (PIB) dos estados brasileiros. Os resultados revelaram que a quantidade de IES apresenta relação positiva e significativa com o desempenho econômico estadual, convergindo com Drucker e Goldstein (2007), que indicam essas instituições como impulsionadoras significativas do desenvolvimento econômico regional. Ademais, o número de bolsistas também apresenta significância positiva, representando mais um efeito agregado das IES, considerando assim um diferencial para dinamizar a economia e beneficiar os atores ao entorno da instituição (Oliveira, 2023). Em contrapartida, variáveis como o número de docentes, matrículas e concluintes não mostraram significância estatística, o que sugere que os efeitos das IES sobre o desenvolvimento dependem da qualidade das ações e da articulação com os agentes locais. Portanto, os resultados alinham-se a estudos que destacam que os benefícios econômicos da educação superior não decorrem apenas da expansão quantitativa, mas também da qualidade da formação, da relevância social do conhecimento e da articulação entre universidades, setor produtivo e políticas públicas locais (Cury Filho; Wood Jr., 2021; Hanushek; Woessmann, 2012). Assim, conclui-se que as IES têm potencial de atuar como agentes catalisadores do desenvolvimento local, desde que integradas às dinâmicas territoriais e apoiadas por políticas públicas que valorizem as especificidades regionais.
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