Descrição
Este trabalho analisa como pessoas que escolhem não ter filhos são representadas dentro do discurso religioso, especialmente em contextos cristãos. Parte-se da ideia de que, apesar da sociedade valorizar a liberdade individual, ainda há uma forte pressão social, sustentada por imaginários sociodiscursivos, para que todos sigam padrões, como a parentalidade obrigatória. Dessa maneira, pretende-se compreender como as pessoas que não querem ter filhos são representadas dentro do discurso religioso. Para tal, a pesquisa articula a Análise Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau (2001, 2017, 2018), com a Análise de Discurso Materialista, de Eni Orlandi (2023). Charaudeau contribui com conceitos, como contrato de comunicação, imaginários sociodiscursivos e ethos, enquanto Orlandi ajuda a compreender o discurso religioso como um discurso autoritário, que impõe sentidos e limita posições de sujeito. O estudo busca refletir sobre os efeitos de sentido que esses discursos produzem e como eles operam para manter certas representações sociais como naturais e incontestáveis. O corpus analisado é um videocast disponível no YouTube, no qual a influenciadora digital e pastora Tatiane Joslin fala sobre a decisão de ter filhos dentro da lógica cristã. A análise revela a presença de discursos que reforçam a parentalidade como destino natural, sustentando estereótipos e promovendo a marginalização de quem se afasta desse ideal. Além disso, este estudo evidencia como o discurso religioso contribui para a manutenção de um sistema que desconsidera a não parentalidade.
Palavras-chave: análise do discurso; representações sociais; não parentalidade; discurso religioso.
Agradecimentos
A autora agradece o apoio financeiro da agência CAPES.
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