Descrição
A reabilitação de áreas degradadas em solos inférteis, compactados e com baixa colonização microbiana, representa um dos maiores desafios para a restauração ecológica. A ausência de vegetação nessas áreas intensifica a erosão e compromete a resiliência ambiental. Estratégias baseadas na adição de matéria orgânica e na inoculação microbiana têm sido apontadas como alternativas promissoras para a reativação da funcionalidade do solo e promoção da revegetação. Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes doses de esterco bovino (0, 15, 30 e 60 t ha⁻¹), associadas à inoculação microbiana autóctone (nativa de solo de mata) ou alóctone (Azospirillum brasilense, Bradyrhizobium japonicum e Rhizophagus irregularis), sobre o crescimento de Mimosa acutistipula cultivada em solo de baixa fertilidade. O experimento foi conduzido em delineamento fatorial, com tratamentos compostos pelas doses de esterco e pelos tipos de inoculação. Foram avaliados caracteres morfológicos (massa seca da parte aérea e raiz e altura) e fisiológicos (taxa relativa de crescimento e proporção raiz/parte aérea) sendo os dados submetidos à análise multivariada por PCA. As doses de esterco foram o principal fator de crescimento, promovendo ganhos expressivos na biomassa e no vigor das mudas, sobretudo entre 0 e 15 t ha⁻¹. A partir dessa faixa, observou-se saturação dos efeitos, sem ganhos adicionais significativos. O tipo de inoculação não promoveu diferenças estatisticamente relevantes, possivelmente devido à heterogeneização da microbiota promovida pela própria adição de esterco. A análise revelou forte associação entre os caracteres de crescimento, concentrados no eixo PC1 (62,8%), com maior desempenho nos tratamentos com doses intermediárias e altas de esterco (T3, T4, T6 e T7). A relação raiz/parte aérea foi inversamente associada ao crescimento. O tratamento sem inoculação (T9) e os sem adição de esterco (T1, T5) ficaram concentrados à esquerda do gráfico, evidenciando baixo desempenho. A aplicação de esterco bovino, mesmo em baixas doses, foi suficiente para estimular o crescimento de Mimosa acutistipula em solo infértil, reduzindo a necessidade de inoculação direta. Esses resultados são relevantes para programas de restauração ecológica, indicando que a adição de matéria orgânica pode reativar processos edáficos e favorecer a revegetação em ambientes severamente degradados.
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