Descrição
O carcinoma hepatocelular (CHC) constitui uma neoplasia primária hepática rara em animais domésticos. Em cães, sua prevalência em estudos de necropsia é inferior a 0,5%, representando menos de 1% de todas as neoplasias diagnosticadas. Apesar disso, o CHC corresponde a aproximadamente 35 a 60% das neoplasias hepáticas primárias na espécie. A doença é predominantemente descrita em animais idosos, com média de ocorrência em torno de 10 anos de idade, embora existam relatos de manifestação precoce entre 4 e 5 anos. Objetivou-se relatar um caso de CHC de células claras em um cão, com confirmação diagnóstica obtido em exame de necrópsia. Um cão, macho, 16 anos de idade, fox paulistinha, cardiopata controlado, apresentou óbito espontâneo e foi encaminhado ao setor de Patologia Veterinária para necrópsia. Ao exame macroscópico apresentava bom estado corporal e mucosas cianóticas. O fígado apresentava massa de 8,0 × 6,0 cm no lobo hepático medial, avermelhada com áreas esbranquiçadas firmes, e massa de 3,0 × 4,5 cm, firme e esbranquiçada, no lobo hepático esquerdo. Pulmões difusamente vermelho-escuros e hipocreptantes, anéis traqueais com achatamento dorsoventral e trombo avermelhado no tronco pulmonar com extensas ramificações intrapulmonares. Fragmentos de órgãos e tecidos foram coletados, fixados em formol a 10% e processados rotineiramente para histologia. Os cortes histológicos foram corados em hematoxilina e eosina (HE) para avaliação histopatológica. A avaliação microscópica do fígado evidenciou dissociação e perda do padrão de cordões hepatócitos por proliferação de hepatócitos neoplásicos em padrão sólido, formando grupos celulares, caracterizadas por núcleos ovalados, vacuolizados e citoplasma amplo e com múltiplas vacuolizações, anisocitose e anisocariose acentuadas. No pulmão, trombos multifocais organizados em vasos pulmonares, com células neoplásicas associadas a um dos trombos, dissociação da parede de vasos e calcificação peribronquial. Congestão difusa moderada e áreas multifocais de hemorragia. Os achados de necropsia e histopatológicos foram compatíveis com CHC metastático. O CHC é o principal tumor hepático em cães e pode ser difícil de diferenciar de neoplasias benignas devido à ausência de marcadas características de malignidade. A confirmação depende de exame histopatológico, muitas vezes associado ao uso de marcadores imunohistoquímicos. Sugere-se que a metástase de CHC tenha contribuído para a exacerbação do quadro cardíaco, por meio de alterações hemodinâmicas que aumentaram a sobrecarga e favoreceram a descompensação do paciente cardiopata. A necropsia mostrou-se fundamental, confirmando o carcinoma hepatocelular e esclarecendo as alterações que justificaram o prognóstico desfavorável.
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