Descrição
A violência de gênero, historicamente marcada e socialmente acobertada pelo sistema patriarcal ocidental, se estrutura no modelo de sociedade centrada no homem branco urbano no Brasil desde os períodos colonial e imperial. Entre as formas de violência de gênero contra as mulheres, observadas no atual cenário brasileiro, há aquelas que transitam pelo meio digital, promovendo um discurso de ódio que se propaga facilmente pelas funcionalidades inerentes às diferentes mídias sociais e pela não moderação de conteúdo. Percebe-se um discurso da violência contra as mulheres potencializado pelos recursos tecnológicos e crescente em comunidades exclusivamente masculinas que defendem lutas de homens que se opõem ao feminismo e deturpam conquistas a favor da igualdade de gênero. Nesse sentido, este trabalho justifica-se pela inquietude quanto aos processos linguístico-discursivos que perpetuam o discurso da violência contra as mulheres e que, de certa forma, disseminam o estabelecimento e manutenção das desigualdades e da hierarquia entre os gêneros, além da misoginia. Nesse viés, e em consonância com o tema "O papel das universidades no avanço dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU" e com as pesquisas desenvolvidas no Grupo de Pesquisa Leitura e Produção de Discursos (GPLPD), este trabalho busca agregar reflexões com ênfase no ODS 5 (Igualdade de gênero). O objetivo principal deste trabalho é analisar o processo de constituição do discurso da violência contra as mulheres em enunciados produzidos em mídias sociais (Instagram, Facebook, X), que tratam de discursos que engendram falsas narrativas sobre o feminismo e a igualdade de gênero. Os objetivos específicos são: (1) analisar a cenografia em que se dá o discurso da violência contra as mulheres; (2) analisar o sujeito que emerge na enunciação do discurso da violência contra as mulheres e (3) estudar a historicidade que compõe os efeitos de sentido desse discurso. A fundamentação teórica principal tem amparo nos pressupostos da teoria enunciativo-discursiva de Dominique Maingueneau (2008; 2015; 2025). O trabalho abrange, como corpus, materialidades coletadas em mídias sociais digitais. As análises preliminares apontam que os enunciados evocam diferentes sujeitos e historicidade no discurso da violência contra as mulheres, especialmente no que se refere à disseminação de falsas narrativas sobre o feminismo e a igualdade de gênero.
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