Descrição
O presente estudo analisa as inter-relações entre arte e identidade cultural sob uma ótica pós-colonial. Tomando como eixos teóricos as contribuições de Schwarz (2001), Hall (2006), Bhabha (1998), Canclini (1997) e Benjamin (1987), a pesquisa examina a condição neocolonial de Porto Rico. Discute-se a formação cultural porto-riquenha, marcada por tensões entre subalternidade e resistência frente à hegemonia dos Estados Unidos, país ao qual o território foi cedido após a Guerra Hispano-Americana de 1898. Nesse cenário de tensões entre subalternidade e resistência, a produção artística de Bad Bunny é analisada como um objeto cultural que articula denúncia social e afirmação identitária. Através de uma sonoridade que hibridiza ritmos tradicionais porto-riquenhos, como a plena, a salsa e a música jíbara, com a música urbana global, e da escolha política de usar predominantemente o idioma espanhol, o artista problematiza os efeitos do neocolonialismo. Entre os temas abordados está a gentrificação, um processo de exclusão com fins estéticos que transforma a cultura local em mercadoria para investidores e turistas, forçando os habitantes originais a deixarem seus bairros. A análise demonstra, portanto, como Bad Bunny utiliza sua plataforma global para ir além do entretenimento. Tanto em suas letras quanto em suas performances visuais, ele ressignifica as tradições de Porto Rico para denunciar os apagamentos históricos e as políticas de subordinação que a ilha sofre. Ao fazer isso, sua obra fortalece os laços comunitários e projeta uma identidade latina potente e complexa, que se recusa a ser invisível e reafirma seu lugar no mundo como um campo de disputa e resistência cultural.
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