Descrição
Palavras-chave: Mudanças climáticas; Modelagem hidrológica; Produção de água
O armazenamento de água subterrânea em uma bacia hidrográfica pode sofrer alterações devido às mudanças climáticas. Torna-se então estratégico avaliar como essas podem afetar o armazenamento subterrâneo em diferentes cenários de mudanças climáticas. O objetivo deste estudo foi simular as vazões e o escoamento subterrâneo em bacias hidrográficas de cabeceira ao longo do século sob cenários de mudanças climáticas. Foram estudadas as regiões de cabeceira dos rios Grande e Jequitinhonha, no estado de Minas Gerais. Utilizou-se o modelo hidrológico MHD-INPE com um horizonte de simulação até 2099, e os dados dos modelos climáticos globais HadGEM2-ES, MIROC5, CanESM2 e BESM regionalizados com o modelo ETA/CPTEC, nos cenários RCP 4.5 e 8.5. Foram obtidos os descritores estatísticos das Curvas de Duração da Vazão – FDC para as vazões simuladas. Os resultados obtidos na calibração e validação do MHD foram satisfatórios em ambas as sub-bacias, sendo o NSE de 0.77 e de 0.76 para a bacia do Jequitinhonha, e de 0.77 e 0.63 para a bacia do Grande. Nas simulações para a bacia do Jequitinhonha foi observado um aumento no QSM em todas as projeções, o que indica um aumento das respostas das vazões à precipitação. O SEASON apresentou redução em todas as projeções, chegando a 21,1% no período de 2071-2099 do RCP 8.5. Como esta sub-bacia se encontra preservada, a redução pode estar relacionada às alterações climáticas, como a redução da precipitação. Em todas as projeções foi observada redução nos descritores MWL e MWH, referentes aos segmentos de vazões mínimas e máximas, sendo maior no período de 2071-2099 do RCP 8.5 (72,8% e 58,4%). Na bacia do Grande foi observada uma redução no QSM em todas as projeções, e também no SEASON na maioria das projeções. Esta sub-bacia apresenta antropização acentuada, assim, a redução na sazonalidade também pode estar relacionada às alterações no uso do solo. Todas as projeções apresentaram redução no MWL, que foi maior de 2071-2099 no RCP 8.5 (70.6%). Pode-se inferir que nos cenários futuros, em ambas as sub-bacias, haverá uma diminuição na ocorrência de cheias e, estiagens mais severas e com duração mais longa, especialmente no cenário mais pessimista no final do século. Em ambas as sub-bacias foi observada redução no escoamento subterrâneo médio quando comparado com o período de referência, especialmente no período de 2071-2099 do RCP 8.5. Os resultados obtidos demonstram que as mudanças climáticas podem afetar a disponibilidade futura de água nas sub-bacias estudadas, e, espera-se que esses resultados possam auxiliar na tomada de decisão de forma a diminuir os impactos e a escassez de água nestas sub-bacias.
Agradecimentos
Os autores agradecem o apoio financeiro das agências CAPES e FAPEMIG.
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