Descrição
A intensificação do uso de agrotóxicos na produção de milho em Moçambique tem levantado preocupações crescentes sobre a contaminação de águas subterrâneas, recurso estratégico para o abastecimento humano, irrigação e manutenção dos ecossistemas rurais. O objetivo deste estudo foi avaliar o risco potencial de lixiviação de pesticidas utilizados na lavoura de milho no distrito de Panda, província de Inhambane, empregando os critérios de screening da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) e o índice de vulnerabilidade Groundwater Ubiquity Score (GUS). Foram identificados 14 princípios ativos aplicados na cultura, cujas propriedades físico-químicas (solubilidade em água, coeficiente de adsorção ao carbono orgânico – Koc, meia-vida no solo e em água, pressão de vapor e constante de Henry) foram analisadas para estimar o risco de mobilidade e persistência ambiental. Os resultados revelaram que, segundo a EPA, Methamidofos, Imidacloprid, Atrazina e Propiconazol atendem a pelo menos três dos cinco critérios de contaminação, sendo classificados como compostos de maior risco. Pelo índice GUS, Imidacloprid (3,74) e Atrazina (3,75) foram enquadrados como de alta lixiviação, enquanto Methamidofos (2,78) e Propiconazol (2,26) ficaram na faixa de transição. Em contrapartida, pesticidas como Cipermetrina (–1,66), Abamectina (0,36) e Paraquat (–6,95) apresentaram baixo risco, refletindo sua maior adsorção ao solo. A análise edáfica demonstrou que solos arenosos, de alta permeabilidade e baixa matéria orgânica, amplificam o risco de lixiviação, enquanto solos argilosos e ricos em matéria orgânica reduzem significativamente a vulnerabilidade. Conclui-se que Imidacloprid e Atrazina representam maior ameaça aos aquíferos locais, exigindo a adoção de manejo integrado de pragas, substituição por compostos menos persistentes e fortalecimento das políticas de monitoramento para proteção dos recursos hídricos subterrâneos.
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