Descrição
Palavras-chave: efeito de não consumo, parasitoide, risco de parasitismo.
A interação entre Euschistus heros (Hemiptera: Pentatomidae) e o parasitoide Telenomus podisi (Hymenoptera: Scelionidae) tem sido tradicionalmente abordada sob a perspectiva do efeito de consumo, ou seja por meio do parasitismo. Porém, evidências emergentes indicam que, além do parasitismo direto, inimigos naturais podem modular o comportamento reprodutivo do hospedeiro ou presa por meio de efeitos de não consumo, induzindo a evasão das áreas de risco, redução no número de ovos e até efeitos fisiológicos. A condução de estudos sobre efeitos de não consumo exige o desenho de sistemas funcionais que permitam gerar sinais de ameaça sem que haja consumo (predação ou parasitismo) por parte do inimigo natural. Na interação entre T. podisi e E. heros, há ausência de estudos específicos que tenham abordado este tipo de efeito. O objetivo deste trabalho foi desenvolver uma metodologia experimental para avaliar a percepção do risco de parasitismo por E. heros, em testes com chance de escolha entre ambientes com e sem a presença de T. podisi. Para avaliar a resposta das fêmeas de percevejo, foi projetado um sistema em que um recipiente central de plástico foi conectado, por meio de dois tubos plásticos (7 cm de comprimento × 1 cm de diâmetro), a dois compartimentos laterais. No compartimento central foi liberado um casal de E. heros, enquanto um dos compartimentos laterais continha parasitoides adultos e o outro sem parasitoides (controle). No entanto, após 24 horas, os parasitoides atravessavam os tubos e contaminavam ambos ambientes, invalidando o experimento. Em uma segunda tentativa, os parasitoides foram confinados dentro de um tubo plástico vedado na entrada e na saída com tecido voil. Esse tubo foi colocado dentro do recipiente, mas, por estarem imobilizados, os parasitoides não emitiam sinais químicos suficientes para serem detectados pelo percevejo. A área de confinamento foi aumentada, mas mesmo assim não se observou resposta comportamental. Finalmente, a tampa do recipiente foi modificada e conseguiu-se separar os parasitoides por meio de uma malha fina, o que permitiu mantê-los em movimento dentro do mesmo ambiente, sem interferência física, mas gerando um estímulo de risco. Esse processo experimental não apenas permitiu caracterizar comportamentos de evasão em E. heros, como também abriu novas possibilidades para o uso de inimigos naturais como agentes moduladores de comportamento em programas de manejo integrado de pragas.
Agradecimentos
CAPES, CNPq e FAPEMIG
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