Descrição
A sanitização da casca de ovos, prática comum em incubatórios comerciais,
contribui para a redução de patógenos, mas também modifica a comunidade microbiana natural, incluindo microrganismos potencialmente benéficos. A aplicação de soluções microbiológicas por pulverização durante a incubação constitui um ajuste adicional, voltado à modulação da microbiota, com o objetivo de otimizar o desempenho e
favorecer a saúde inicial das aves. Este estudo teve como objetivos caracterizar a microbiota cultivável de ovos provenientes de sistemas caipira e comercial e avaliar os efeitos da aplicação não invasiva de microrganismos durante a incubação sobre os parâmetros de eclosão. Para isso, amostras de ovos foram coletadas para isolamento
microbiológico e identificação por MALDI-TOF MS. No segundo experimento, 980 ovos férteis foram distribuídos em 4 grupos experimentais: controle (PBS estéril), levedura (10⁹ UFC/ovo), bactéria lática (10⁹ UFC/ovo) e associação de levedura + bactéria lática (10⁹ UFC/ovo de cada), com pulverizações nos dias 0, 3, 7, 10, 14 e 18 de incubação. A caracterização da microbiota cultivável evidenciou diversidade entre os
sistemas avaliados. Em ovos caipiras, destacaram-se espécies dos gêneros
Staphylococcus (como S. xylosus e S. lentus) e Corynebacterium e Aerococcus, enquanto em ovos de incubação comercial foram observadas espécies como Oceanobacillus profundus, Macrococcus caseolyticus e Moraxella osloensis. Embora a maioria das cepas isoladas não apresente atividade hemolítica, algumas espécies, como Bacillus cereus e B. altitudinis, foram identificadas. Após a incubação, a microbiota mostrou-se dinâmica, variando conforme os tratamentos aplicados: ovos controle
apresentaram predominância de Acinetobacter e Chryseobacterium, enquanto a inoculação com a bactéria lática favoreceu a recuperação da própria espécie inoculada, já a inoculação com a levedura foi associada à presença concomitante de leveduras e bactérias como Rhizobium radiobacter. Esses achados confirmam o caráter dinâmico da
microbiota da casca e indicam que a inoculação pode influenciar sua composição, embora sem efeito significativo sobre eclodibilidade ou peso à eclosão.
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