Descrição
A lignina é o segundo polímero mais abundante da biomassa lignocelulósica, e constitui um dos principais coprodutos da indústria de polpa e papel. Por apresentar estrutura complexa, rica em anéis aromáticos e grupos fenólicos, esse biopolímero desperta crescente interesse em aplicações de alto valor agregado, como materiais funcionais, antioxidantes e agentes de bloqueio da radiação ultravioleta (UV). Nos últimos anos, a necessidade de substituir filtros UV sintéticos, que podem gerar impactos ambientais e toxicológicos, intensificou a busca por alternativas renováveis e sustentáveis. Nesse contexto, a lignina surge como candidata promissora, especialmente quando processada na forma de nanopartículas, pois oferecem maior área superficial, melhor estabilidade coloidal e desempenho aprimorado em relação ao material em escala micrométrica. Neste estudo, nanopartículas de lignina foram sintetizadas por duas rotas distintas: Bottom-up, baseada na autoagregação de macromoléculas em solução, e Top-down, baseada na quebra mecânica e/ou química de partículas maiores, em escala nanométrica. A eficiência dessas nanopartículas no bloqueio de radiação UV foi avaliada por espectrofotometria UV-Vis na faixa de 200 a 450 nm, abrangendo as regiões UVC, UVB e parte da UVA. As análises foram conduzidas com dispersões de nanopartículas em igual concentração (0,0082 mg/mL). Os resultados evidenciaram que as nanopartículas sintetizadas pelo método Bottom-up apresentaram absorbância mais elevada em toda a faixa avaliada, com perfil decrescente até o limite superior do espectro analisado. Já as nanopartículas obtidas por Top-down exibiram menor desempenho, com redução progressiva ao longo do espectro. Esses resultados evidenciam que o processo Bottom-up produz material mais eficiente no bloqueio da radiação UV em comparação ao método Top-down. A comparação entre as rotas de síntese também indicou, por meio de micrografias, que a metodologia Bottom-up forneceu partículas mais homogêneas (esféricas), enquanto a Top-down resultou em partículas com maior variabilidade de tamanho e forma, refletindo em pequenas diferenças no perfil de absorção. Tais achados reforçam o potencial da lignina como alternativa sustentável para aplicações em formulações fotoprotetoras e barreiras contra radiação UV.
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