Descrição
A expansão da viticultura de vinhos finos em regiões subtropicais, como o Sul de Minas, exige a adaptação do manejo para garantir produtividade e qualidade. A técnica da dupla poda, que permite a colheita de inverno, depende do sistema de condução para equilibrar o crescimento vegetativo e a produção. Este estudo avaliou os efeitos dos sistemas de condução Espaldeira e Guyot sobre o crescimento de ramos, número de gemas, brotos e inflorescências por planta das cultivares Cabernet Sauvignon e Sauvignon Blanc. O experimento foi conduzido em parceria com a Vinícola Almas Gerais, em Macaia, Bom Sucesso–MG (21°09'05"S, 44°53'29"W; 865 m), utilizando delineamento em blocos casualizados, fatorial 2x2, com cinco repetições. Avaliações ocorreram durante o ciclo vegetativo, após a poda de produção em janeiro. Semanalmente, foram mensurados três ramos produtivos por planta para acompanhar a dinâmica de crescimento e ao final do ciclo vegetativo, antes da maturação (pintor), contabilizou-se número de gemas, brotos e inflorescências por planta. Os dados foram analisados por ANOVA e teste de Tukey a 5% de probabilidade no software R. A ANOVA revelou que o número de gemas foi influenciado pelo sistema de condução (p < 0.001) e pela interação com a cultivar (p < 0.001). O sistema Guyot resultou em maior carga de gemas, especialmente para Sauvignon Blanc, enquanto a Espaldeira apresentou menor número. Contudo, esse aumento não se refletiu em maior brotação ou fertilidade. Para o número de brotos, observou-se efeito significativo da cultivar (p < 0.001) e do sistema (p = 0.015), com a Espaldeira favorecendo maior brotação em ambas as cultivares. Em relação ao número de inflorescências, tanto a cultivar quanto o sistema apresentaram efeitos significativos (p < 0.001), com interação relevante (p = 0.038). A Sauvignon Blanc manejada em Guyot apresentou quase ausência de flores (0.38), em contraste com a Espaldeira (10.1). Para Cabernet Sauvignon, a Espaldeira também apresentou maior produção (27.4) em comparação ao Guyot (23.4). A análise de medidas repetidas para crescimento vegetativo indicou que a cultivar e a interação Cultivar × Sistema foram altamente significativas, além da influência temporal. As curvas de crescimento mostraram padrões distintos entre os tratamentos, evidenciando que o vigor vegetativo resulta da combinação entre a cultivar e o sistema de condução. Sob as condições do estudo, o sistema Espaldeira mostrou-se mais eficiente na conversão do potencial vegetativo em produção, garantindo maior fertilidade de gemas e estabilidade produtiva. O sistema Guyot, apesar de permitir maior número de gemas, revelou-se agronomicamente inviável, especialmente para a cultivar Sauvignon Blanc. Assim, para a viticultura de colheita de inverno no Sul de Minas, a Espaldeira é recomendada como estratégia técnica mais adequada para maximizar o potencial produtivo das cultivares avaliadas.
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