Descrição
A viticultura de inverno no Sudeste do Brasil tem se destacado pela produção de vinhos de qualidade, em que a acidez tartárica é um parâmetro essencial para o equilíbrio e a estabilidade do produto. O monitoramento tradicional desse atributo é destrutivo e oneroso, enquanto o sensoriamento remoto por satélite surge como alternativa prática e não destrutiva. Assim, este estudo buscou avaliar a relação entre índices de vegetação e a acidez tartárica em uvas Sauvignon Blanc ao longo da maturação. O objetivo foi analisar a dinâmica temporal da correlação entre índices de vegetação, obtidos por imagens de satélite, e a evolução da acidez tartárica em vinhedos de Vitis vinifera L. Sauvignon Blanc, conduzidos em ciclo de inverno no Sul de Minas Gerais.
O experimento foi realizado em parceria com a Vinícola Almas Gerais, em Macaia, município de Bom Sucesso (MG), a 865 m de altitude. Foram coletados 48 pontos georreferenciados e adquiridas imagens multiespectrais com resolução espacial de 3 m em cinco datas distintas de 2024 (14/06, 18/06, 26/06, 04/07 e 10/07), após o pintor, para cálculo de 16 índices de vegetação (NDVI, NGRDI, SAVI, RI, ExG, ExR, ExGR, GLI, CIVE, PCD, PVR, NDRE, GNDVI, GCI, MCARI e NLI).
Os dados foram submetidos à análise estatística no software R. O efeito das épocas de avaliação sobre a acidez tartárica foi testado por Modelo Linear de Efeitos Mistos (LMM), considerando os pontos como efeito aleatório, seguido de teste de Tukey (p<0,05). A relação entre acidez e índices de vegetação foi avaliada por regressão linear simples, com base no coeficiente de determinação (R²) e na significância do modelo.
Os resultados indicaram efeito significativo da data de avaliação sobre a acidez tartárica (p<0,001), com redução progressiva ao longo da maturação, de 27,97 g/L na primeira coleta para 13,08 g/L na última (10/07). Houve diferença estatística entre quase todas as datas, exceto entre 26/06 e 04/07 (p=0,68), apontando um período de menor variação.
Todos os 16 índices avaliados apresentaram correlação significativa (p<0,001) com a acidez, mas os valores de R² foram baixos, indicando baixo poder explicativo dos modelos de regressão em relação à acidez. Os maiores coeficientes de determinação foram observados para NLI (R²=0,39), CIVE (R²=0,38) e MCARI (R²=0,38), enquanto o NDVI apresentou R²=0,32. Apesar de estatisticamente significativos, esses modelos explicaram menos da metade da variação da acidez, indicando que outros fatores fisiológicos e ambientais também influenciam esse parâmetro.
Os resultados demonstram que a acidez tartárica apresentou redução consistente ao longo da maturação e que diferentes índices de vegetação apresentaram relação com esse comportamento, ainda que com baixo poder explicativo individual. O uso de imagens de satélite, aliado a modelos mistos, representa uma ferramenta robusta e não destrutiva para monitorar a maturação ácida em vinhedos conduzidos em ciclo de inverno, contribuindo para compreender a variabilidade espaço-temporal do dossel e subsidiar estratégias de manejo voltadas à qualidade, produtividade e sustentabilidade do sistema vitícola.
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