Descrição
O cultivo de alho em regiões tropicais enfrenta restrições climáticas que afetam a formação de bulbos, tornando a vernalização pré-plantio prática essencial. No Brasil, a vernalização positiva (3 a 5 °C) consolidou-se como técnica fundamental para viabilizar cultivares nobres. Recentemente, alguns produtores passaram a adotar a vernalização negativa (-3 a - 5 °C), de forma empírica, diante de relatos de ganhos em produtividade e qualidade. No entanto, faltam evidências científicas que confirmem seus efeitos em diferentes genótipos, o que gera incertezas no manejo e pode comprometer a eficiência produtiva. Objetivou-se com esse trabalho avaliar o desempenho agronômico de três cultivares de alho (Ito, Quitéria e Chonan) submetidas a duas temperaturas de vernalização. O experimento foi conduzido no Setor de Olericultura da Universidade Federal de Lavras, entre maio e setembro de 2024. O delineamento foi em blocos casualizados, em esquema fatorial 2 × 3, com parcelas subdivididas no tempo e quatro repetições. As avaliações foram realizadas quinzenalmente (30, 45, 60, 75, 105 e 120 dias após o plantio), registrando-se altura de plantas e número de folhas. Os dados foram submetidos à análise de variância pelo teste F a 5%. Quando significativos, os efeitos dos tratamentos foram comparados por meio de ajustes de modelos de regressão para as interações com as épocas de avaliação. Houve interação tripla entre temperaturas de vernalização, cultivares e épocas de avaliação. O crescimento foi quadrático, com pico próximo aos 90 dias, seguido de estabilização. A vernalização positiva promoveu maior altura de plantas em todos as cultivares, destacando-se a cultivar Ito, que atingiu 80,5 cm aos 91 dias e manteve altura de plantas superior em ambas as condições, enquanto as cultivares Chonan e Quitéria tiveram baixo desempenho na condição negativa. Para o número de folhas, observaram-se interações duplas. Na interação temperatura de vernalização × épocas de avaliação, a vernalização positiva induziu ciclo rápido e definido, com pico de 7,1 folhas aos 79 dias, seguido por senescência foliar, enquanto na vernalização negativa o acúmulo de folhas seguiu um modelo linear até os 120 dias. Na interação cultivar × época de avaliação, a cultivar Ito foi precoce, com pico de 7,3 folhas aos 78 dias e senescência rápida, já a cultivar Chonan teve ciclo intermediário, com pico tardio de 7,5 folhas aos 102 dias; e a cultivar Quitéria mostrou padrão linear e contínuo, sem senescência até os 120 dias. Conclui-se que a resposta agronômica a temperatura de vernalização é dependente da cultivar, influenciando diretamente a altura das plantas e o número de folhas.
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