Descrição
Rudy Elton de Almeida1, José Willer do Prado2, André Luis Ribeiro Lima3
1 Mestrando em Administração, PPGA/DAE, Universidade Federal de Lavras (UFLA)
2Orientador, Docente - PPGA/DAE, Universidade Federal de Lavras (UFLA)
3Coorientador, Docente - DAE, Universidade Federal de Lavras (UFLA)
rudy.almeida@estudante.ufla.br, jose.prado@ufla.br, andre.lima@ufla.br
Palavras-chave: Alfabetização financeira, Bem-estar financeiro, Educação financeira.
O bem-estar financeiro (BF) é uma condição subjetiva que reflete a capacidade dos indivíduos de administrar suas finanças de forma segura, estável e satisfatória. No cotidiano das famílias brasileiras, essa percepção está relacionada não apenas à renda, mas também ao modo como o dinheiro é gerido, às atitudes frente ao consumo e à confiança no futuro financeiro. Este estudo teve como objetivo geral analisar a associação entre fatores sociodemográficos e o BF da população brasileira, considerando o papel mediador desempenhado pelos elementos constitutivos da alfabetização financeira.
A pesquisa utilizou dados secundários da Pesquisa de Mensuração do Letramento e da Inclusão Financeira, realizada em 2023 pelo Banco Central do Brasil (BCB) em parceria com o Fundo Garantidor de Créditos (FGC), com base na metodologia Toolkit da OCDE/INFE. Foram realizadas 2.000 entrevistas presenciais com indivíduos de 16 a 79 anos, em todas as regiões do país, por meio de amostragem probabilística estratificada proporcional.
A estratégia metodológica envolveu modelagem por regressão linear múltipla, com o objetivo de identificar os efeitos diretos e indiretos (via mediação) das variáveis sociodemográficas sobre o BF, tendo como mediadores os construtos de alfabetização financeira: comportamento, atitudes e conhecimento. A lógica analítica foi estruturada em três etapas sequenciais: (1) análise dos efeitos diretos das variáveis sociodemográficas sobre o BF; (2) avaliação do impacto dessas variáveis sobre os componentes da alfabetização financeira; e (3) teste de mediação, com inclusão simultânea de variáveis independentes e mediadoras, interpretando a redução dos coeficientes como evidência de mediação parcial ou total.
Os principais resultados indicam que escolaridade, renda, idade, sexo e região estão diretamente associados ao BF. Indivíduos com maior escolaridade e renda, do sexo masculino e residentes da região Sudeste apresentam níveis mais elevados de BF, enquanto jovens, idosos, mulheres e moradores das regiões Norte e Nordeste demonstram menor percepção de estabilidade financeira. Atitudes financeiras (coef. = 0,0762; p < 0,001) e Comportamentos financeiros (coef. = 0,0342; p = 0,0077) foram os principais preditores positivos do BF, enquanto o Conhecimento financeiro apresentou efeito negativo e significativo (coef. = –0,0339; p = 0,012), sugerindo que maior consciência dos riscos pode gerar ansiedade e reduzir a percepção de estabilidade e segurança.
Esses achados reforçam que o BF é um fenômeno multidimensional, influenciado por fatores estruturais e subjetivos, e que decisões financeiras envolvem não apenas racionalidade, mas também emoção, contexto e percepção. A mediação parcial observada entre variáveis sociodemográficas e alfabetização financeira sustenta a importância de políticas públicas e estratégias educacionais que integrem competências comportamentais e emocionais, promovendo atitudes mais adaptativas e planejamento financeiro de longo prazo.
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