Descrição
Este trabalho analisa o potencial pedagógico do conceito de escrevivência (Evaristo, 1996) como ferramenta para a decolonização de práticas de ensino de literatura, tendo em vista que a maioria dos nossos alunos das escolas públicas se autodeclara pardos e negros e não se sente representada pelo cânone tradicional, predominantemente branco, presente em grande medida na sala de aula. Desse modo, a pesquisa parte da dissonância existente entre o ensino de literatura na educação básica e o contexto sociocultural de estudantes. Assim, a comunicação investiga como o currículo oficial e as práticas docentes, a despeito da Lei nº 11.645/2008 e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), perpetuam uma lógica colonial que gera apatia e exclusão. O suporte teórico para discutir uma educação decolonial está pautado em autores como bell hooks (2013, 2020), que versa sobre a educação como prática de liberdade; Nilma Lino Gomes (2003-2024), que estabelece uma conexão entre Movimento Negro e currículo; Cida Bento (2022), que discute o pacto da branquitude e Frantz Fanon (2008) que considera os impactos psíquicos do racismo. Os resultados parciais apontam que o conceito de escrevivência pode tornar-se uma potente práxis docente, unindo corpo, memória e coletividade, sendo, portanto, significativo para validar vozes historicamente silenciadas na sociedade. Indicam também a urgência da revisão do ensino de literatura, pois, apesar do avanço representado pela citada Lei, ratificada pela BNCC, a efetivação dessa Lei se revela bastante insuficiente nas escolas e nos materiais didáticos. Por fim, a pesquisa revela que a aplicação do conceito em questão voltado para práticas de sala de aula pode garantir a representividade dos alunos e criar vínculos étnico-racial e de classe, tornando esses discentes mais preparados para o combate ao racismo que os afeta diretamente.
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