Descrição
Palavras-chave: Hábitos alimentares; Adolescentes; Comportamentos de saúde.
A adolescência é um período crítico para a consolidação de hábitos alimentares, padrões de sono e níveis de atividade física, fatores que podem impactar diretamente a saúde a curto e longo prazo. O consumo crescente de alimentos ultraprocessados (AUP), associado à redução da ingestão de alimentos in natura ou minimamente processados, tem sido apontado como um dos principais determinantes para o avanço da obesidade e demais doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) nessa população. Além disso, padrões de sono inadequados, dietas ricas em AUP e prática insuficiente de atividade física interagem de forma sinérgica e cíclica, favorecendo alterações metabólicas, desregulação hormonal e maior risco cardiovascular. O presente estudo teve como objetivo avaliar a associação entre o consumo de AUP, distúrbios do sono e níveis de atividade física em adolescentes de 45 países em desenvolvimento. Trata-se de estudo ecológico baseado em dados do Global School-based Student Health Survey (GSHS, 2015-2025) e da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE 2015). As análises descritivas e inferenciais (Qui-Quadrado de Pearson) foram conduzidas no software SPSS 22.0. Foi construído um saldo global de marcadores de saúde, calculado pela diferença entre a soma dos comportamentos saudáveis e não saudáveis em cada região da Organização Mundial de Saúde (OMS). Os resultados mostraram que 47,5% dos adolescentes consumiam refrigerantes todos os dias e 61,2% consumiam fast food pelo menos uma vez na semana, enquanto a prática de atividade física permaneceu em níveis reduzidos em todas as regiões. Diferenças estatisticamente significativas foram observadas entre regiões da OMS para consumo de frutas (p=0,035), fast food (p<0,001), insônia (p=0,002), transporte ativo (p=0,008) e comportamento sedentário (p=0,001). As prevalências de insônia e comportamento sedentário foram mais elevadas nos países com IDH mais alto. No saldo global de marcadores de saúde, a África apresentou saldo positivo (+7,1 p.p.), enquanto o Mediterrâneo Oriental concentrou os piores resultados (–10,0 p.p.). Além disso, verificou-se que o maior consumo de legumes e verduras esteve relacionado a níveis mais elevados de atividade física (β=1,34; p=0,034) e a maior prevalência de distúrbios de sono por preocupações associou-se ao menor consumo desses alimentos (β=–1,89; p=0,014). Os resultados apontam para desafios comuns, porém modulados pelo contexto. Respostas efetivas requerem intervenções coordenadas no ambiente alimentar e no cuidado psicossocial de adolescentes.
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