Descrição
As hemoparasitoses bovinas, como a tristeza parasitária, estão entre as principais causas de perdas produtivas e econômicas na pecuária. O manejo clínico rápido e assertivo é determinante para o prognóstico, sobretudo diante de quadros graves. Este trabalho descreve um caso de anaplasmose em novilha holandesa de 20 meses, atendida após quatro dias de apatia, febre e hiporexia. Antes de solicitar o atendimento, o proprietário havia administrado oxitetraciclina, diminazeno, dipirona, ferro e vitamina B12, em doses terapêuticas, sem resposta clínica, evidenciando erro e possível resistência da enfermidade ao tratamento inicialmente utilizado. No exame físico, observou-se apatia, mucosas pálidas-amareladas, taquicardia com arritmia (92 batimentos por minuto), taquipneia (64 movimentos respiratórios por minuto), discreta crepitação pulmonar e sinais de desidratação. Os resultados laboratoriais evidenciaram hematócrito 10%, anemia macrocítica normocrômica, pontilhado basofílico em eritrócitos, leucocitose por neutrofilia, neutrófilos hipossegmentados, linfócitos atípicos (basofilia citoplasmática e endentação nuclear), anisocitose plaquetária, aumento do índice ictérico e presença de inclusões eritrocitárias sugestivas de Anaplasma marginale tanto no sangue total quanto no esfregaço de ponta de orelha. Considerando a gravidade do quadro, optou-se por realizar transfusão sanguínea total, precedida de teste de compatibilidade campeiro. Administrou-se três litros de sangue de uma doadora saudável, com monitoramento constante de sinais de reação transfusional na receptora. O animal apresentou melhora imediata no estado de alerta. Instituiu-se protocolo terapêutico com imidocarb (3 mg/Kg, subcutâneo, dose única), vitamina B12 (2 mg, intramuscular, q48 horas, cinco aplicações), flunixin meglumine (2,2 mg/Kg, intramuscular, SID, 3 dias) e enrofloxacina (5 mg/Kg, intramuscular, SID, 5 dias). O caso evidencia não apenas a ocorrência de resistência terapêutica frente à oxitetraciclina, mas também a viabilidade do tratamento de enfermidades graves a campo, desde que conduzido por médico-veterinário capacitado. A transfusão sanguínea, associada ao tratamento específico, mostrou-se essencial para a recuperação clínica e para a sobrevida da novilha.
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