Descrição
A intensificação do processo de urbanização, juntamente com a impermeabilização do solo e a diminuição das áreas vegetadas, vem contribuindo para o aumento do escoamento superficial e da frequência de eventos hidrológicos extremos em áreas urbanas. Esses efeitos tornam-se ainda mais críticos na ausência de planejamento adequado do uso e ocupação do solo e de infraestruturas hidráulicas dimensionadas para suportar chuvas intensas. Considerando esse cenário, foi feita uma análise na bacia hidrográfica do Ribeirão Vermelho, situada no município de Lavras, no estado de Minas Gerais. O estudo teve como objetivo principal, estimar as vazões máximas associadas a eventos extremos de precipitação, visando subsidiar o planejamento e a gestão do risco hidrológico em áreas urbanas, especialmente diante da inundação ocorrida em 26 de janeiro de 2025 no município, tendo sido registrado uma precipitação de 130 mm num período de três horas. A bacia em estudo tem uma área de 56,76 km² e um perímetro de 42,72 km. A sua delimitação foi feita a partir de Modelo Digital de Elevação (MDE) de Lavras e processada no ArcMap 10.3. As características morfométricas revelaram fator de forma de 0,3, coeficiente de compacidade de 1,5 e índice de circularidade de 0,4, indicando menor suscetibilidade a inundações. O uso e a cobertura do solo, mapeados com imagens dos satélites Sentinel-1 e Sentinel-2, mostraram expansão das áreas urbanas e de pastagem, com redução nas áreas de cultivo entre 2014 e 2021. O CNII médio ponderado foi de 76,3 (método: Curva Número), sendo os solos predominantes Latossolo e Argissolo Vermelho-Amarelos. Com base na equação de Intensidade-Duração-Frequência (IDF), ajustada para o município de Lavras, foi definida uma chuva de projeto com tempo de retorno de 100 anos, o que resultou numa precipitação efetiva de 95,9 mm, com um tempo de concentração de 240 min. Nesse contexto, foram analisadas duas pontes da área inundada: a do bairro Esplanada, para a qual for estimada uma vazão de 60,7 m3.s-1, e para o bairro Nova Era, 160,88 m3.s-1. A modelagem hidrológica indicou uma vazão de pico de 100,4 m3.s-1, ultrapassando em 60,5% a capacidade de escoamento da ponte localizada no bairro Esplanada, enquanto a ponte do bairro Nova Era demonstrou capacidade adequada para a vazão projetada de 160,88 m3.s-1. Os resultados evidenciam a vulnerabilidade das infraestruturas urbanas frente a eventos hidrológicos extremos. Recomenda-se a instalação de bacias de contenção, atualizações nas obras de drenagem existentes e a integração entre planejamento urbano e gestão de recursos hídricos, com foco na resiliência frente às mudanças climáticas. Essas medidas visam fortalecer a resiliência da bacia e reduzir os efeitos de futuros eventos extremos.
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