Descrição
Esta pesquisa analisa o romance O som do rugido da onça (2021), de Micheliny Verunschk, à luz dos estudos decoloniais e das teorias do hibridismo cultural. A obra reconta a trajetória de Iñe-e e Juri, crianças indígenas sequestradas no século XIX e levadas à Europa por Spix e Martius, expondo os mecanismos de violência epistêmica, apagamento histórico e domesticação cultural impostos pela colonialidade. O estudo evidencia como a narrativa mobiliza mitos fundadores, cosmologias ameríndias e vozes silenciadas para tensionar a lógica eurocêntrica de progresso linear e universalidade do saber. A cosmogonia miranha, a animalidade da onça e a presença dos rios e espíritos funcionam como dispositivos críticos que deslocam o olhar colonizador, instaurando uma textualidade marcada pela ambivalência e pela resistência simbólica. Dialogando com autores como Mignolo (2003), Bhabha (1998), Hall (2003) e Le Goff (1990), demonstra-se que o romance articula memória, identidade e diferença colonial em um processo de hibridização conflituosa, no qual o silêncio, a opacidade e a insurgência se tornam estratégias de sobrevivência cultural. Assim, Verunschk reinscreve as vozes subalternizadas em um espaço estético-político que questiona a história oficial e reafirma a potência da literatura como ato de descolonização do imaginário
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