Descrição
A Folia de Reis, manifestação cultural inscrita na religiosidade popular e nas tradições comunitárias, consolida-se como patrimônio imaterial dotado de polissemia e de notável capacidade de reinvenção ao longo do tempo. Para além de sua dimensão devocional, projeta-se como campo pedagógico ao articular memória, identidade e corporeidade, configurando-se como conteúdo potencial da Educação Física escolar. Contudo, sua inserção no currículo depara-se com entraves estruturais, como a hegemonia do paradigma esportivista, a marginalização dos saberes tradicionais e a rigidez organizacional das instituições de ensino. Este estudo objetiva analisar a Folia de Reis enquanto prática educativa, fundamentando-se na Educação Popular, de Paulo Freire, e na Filosofia da Diferença, de Deleuze e Guattari, a fim de compreender seus processos simbólicos, sociais e culturais e examinar suas possibilidades de incorporação ao espaço escolar. A investigação adota abordagem qualitativa, de natureza descritivo-exploratória, tendo como recorte empírico o Encontro de Folias de Reis de Nepomuceno, em Minas Gerais. O procedimento metodológico privilegia o estudo de caso, complementado por entrevistas semiestruturadas com organizadores e foliões, além de registros audiovisuais, respeitados os princípios éticos da pesquisa com seres humanos. Resultados parciais indicam que a Folia de Reis contribui para ampliar o repertório cultural discente, fomentar a interação multicultural e tensionar práticas tecnicistas ainda dominantes, ao mesmo tempo em que desafia a instituição escolar a lidar com questões concernentes à dimensão religiosa, curriculares e formativas. Conclui-se que a incorporação crítica dessa manifestação ao ensino da Educação Física constitui via de democratização do conhecimento, de valorização da cultura e de formação de sujeitos críticos, reafirmando a escola como território de diálogo, resistência e invenção pedagógica.
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